Maratona de Berlim 2013

Maratona de Berlim 2013

Autoentrevista

Autoentrevista 2 (Maio de 2012)

Autoentrevista 2

Segunda versão da autoentrevista:


Sergio: Afinal, você está lesionado ou não?
Sergio: Não. Não tenho propriamente uma lesão. O que tenho, algo que já sabia há 8 anos, é a protusão de um disco lombar (L5). Não sei se isso também deve ser chamado de lesão, talvez sim, mas o que quero dizer é que não é uma lesão em músculo ou tendão dos que estamos acostumados.

Sergio:Ih, já vi que continua com a mania de não responder direito as perguntas, mas tudo bem. Outra pergunta,  não é perigoso correr assim?
Sergio:Sim e não. Muitos de nós que corremos temos problemas na coluna, inclusive mais sérios, como hérnias de disco. A protusão está um passo antes. Em teoria o impacto da corrida não é benéfica. Mas a corrida não é contra-indicada a esse grupo. Só tenho que tomar um pouco mais de cuidado.

Sergio:Quer dizer que você podia ter continuado correndo durante todo esse tempo que ficou quase parado? Viu? eu te disse isso... mala, homi-frouxo, sujeito sem coragem!
Sergio:Peço respeito ao entrevistado, ou eu encerro isso por aqui! humpf! Em teoria sim. Podia ter maneirado um pouco em alguns momentos, mas não precisava ter parado.

Sergio:Por que então você parou?
Sergio:O problema é que tudo levava a crer que eu tinha uma contusão que poderia piorar... a dor era em um lugar específico, atrás da coxa e próximo ao joelho, e não me pareceu proveniente do ciático. De início o próprio médico achou que fosse uma tendinite. Se fosse isso realmente, o treinamento poderia prejudicar.

Sergio:Você mencionou "Tomar um pouco mais de cuidado". O que você quis dizer com isso?
Sergio:Normalmente já devemos aumentar a distância e velocidade dos treinos aos poucos e ficar atento às dores, sinais do organismo que algo não está bem. Mas no caso de quem já tem um problema crônico, como eu, essas regras devem ser seguidas à risca!

Sergio:Como você tem certeza de que não há uma tendinite ou outra contusão no local?
Sergio:Alguns fortes indícios. Fiz ultrassonografia e ressonância da perna e coluna, que nada detectaram além da protusão do disco. Além disso, com toda a fisioterapia e fortalecimento que fiz e pelo grau da dor, que sempre foi fraca, já teria melhorado alguma coisa. Como disse o Pai Santana e o osteopata, é coluna!

Sergio:Mas como está a dor no dia a dia?
Sergio:Vareia muito. Reparei que piora ao longo do dia, principalmente se ficar sentado. Dirigir por longa distância, como é o caso de Muriaé para o RJ (4h30') é doloroso. Mas no dia seguinte fiquei zerado. Ainda estou aprendendo. É direto no nervo, não nos músculos ou tendões, como é mais comum então é um bicho diferente do que estava acostumado.

Sergio:Mas você irá sempre sentir dor? você está na idade do condor?
Sergio:he he Esse ano entro nos "enta", mas espero sinceramente que a dor eventualmente passe. Mas vou vivendo um dia de cada vez.

Sergio:E você faz algum tratamento ou acha que a melhora virá do céu?
Sergio:No momento estou me tratando com um osteopata, indicado pelo Xampa, bem como fazendo minha massagem semanal com o Pai Santana. Tenho esperança que isso termine com a dor. Minha ideia é manter a massagem semanal no futuro.

Sergio:E se a dor não passar nunca? você se desespera com isso?
Sergio:definitivamente não. Seria até leviano de minha parte reclamar de alguma coisa na minha vida. Com a idade aprendi muito e melhorei muito minha forma de encarar o mundo, e aprendo mais a cada dia. Tenho uma vida feliz demais e o problema que tenho é muito pequeno perto da grandiosidade que é viver. É só olhar para o lado, tem tanta gente com problemas realmente sérios...

Sergio:E os treinos, como estão?
Sergio:Evoluindo. Estou, aos poucos, aumentando as cargas, em um gradiente menor do que se estivesse totalmente 100%.

Sergio:Mas dói durante os treinos?
Sergio:Não é que eu sinta dor. É mais a perna direita um pouco presa. Como agora já sei o que é, não tem me abalado.

Sergio:E quais os planos para as provas?
Sergio:Tenho muita vontade de participar da Meia Maratona da Caixa novamente, em julho. Teoricamente deve dar, pois no último longão fiz bem um treino de 12k com altimetria mais pesada. Depois dessa prova, verei o que mais vem pela frente. Importante é não antecipar nada.

Sergio:O que você sente que piorou mais com esse tempo parado?
Sergio:definitivamente a velocidade. Estou cerca de 1 minuto por quilômetro mais lento, o que é muito. O problema é que, além de ter parado, recuperei 6 dos 11 quilos que havia perdido.

Sergio:Gordo! e você faz alguma coisa para melhorar isso?
Sergio:Gordo é você! Estou novamente vigiando o peso, mas sem os vigilantes he he. Prometi que ficarei um ano sem comer doce, o que já faz 1 semana. Tem sido difícil, pois o início é assim mesmo, mas está funcionando.


Sergio:Aproveitando a entrevista, tem algo a dizer sobre o que é "ser baleias"?
Sergio:ainda agora me emociono ao pensar nisso. Não vejo a turma desde dezembro, na Volta da Pampulha. Sinto saudades. Ser baleias é uma forma de encarar a vida olhando o copo meio cheio. Foi uma grande honraria para mim entrar para esse grupo e estou ansioso por encontrar a todos na Maratona do RJ.

Sergio:E esse blog, agora você está em uma onda meio poética, quando é que vai acabar essa boiolice?
Sergio:peço que não use palavras de baixo calão, pois esse é um blog família! Eu escrevo aqui o que quiser. Estou em uma fase romântica com a corrida, voltando, então esse agora sou eu. Não tenho planos para o futuro.

Sergio:Já que você está nessa onda poética, pretende abolir de vez o relógio dos seus treinos? parar de se preocupar com a performance?
Sergio:Provavelmente não. Ainda que o mais importante não esteja nos números, preciso deles para me motivar a acordar cedo para treinar. Gosto de me desafiar a melhorar cada dia. Para mim é divertido. Só não é para agora, que o foco é outro. Importante é entender isso e deixar a preocupação com o tempo mais para frente.

Sergio:Você está próximo de dois anos de blog, pode fazer um balanço?
Sergio:Evolui muito. Cresci. Mas o mais legal do blog foi conhecer tanta gente bacana, que não vou citar nomes para não correr o risco de esquecer alguém. Além disso funciona muito como ferramenta para trocar ideias e registrar minha evolução. O tratamento com o osteopata, por exemplo, devo completamente à existência do blog e ao Xampa, que sempre procura dar uma dica.


 Autoentrevista 1 (início de 2011)

Para responder algumas perguntas e também para brincar um pouco, montei essa autoentrevista abaixo. OBS Foi escrita em algum momento do início de 2011, quando eu estava me sentindo ótimo!

Sergio: Você quer contar para nós um pouco de como tudo isso de corrida e blog começou?
Sergio: Não sei bem porquê, mas a corrida sempre foi um esporte que me atraiu muito. Após alguns períodos em que me empolgava com a corrida e depois perdia a motivação, voltei a correr no início de 2009 para não mais parar, exceção a uma contusão que tive no começo de 2010 e que me deixou uns 4 meses parado.  Em 2010 resolvi criar o blog, acho que mais para poder registrar tudo aquilo que estava passando para poder me lembrar depois. É que depois de uma certa idade a memória começa a falhar he he.

Sergio: Mas você ganha dinheiro com isso? afinal, para que serve esse negócio de blog?
Sergio: não ganho nada e tenho um trabalho danado. É minha diversão depois que as crianças vão dormir. Na verdade com o tempo descubro cada vez mais que as coisas que me dão mais prazer na vida não guardam nenhuma relação com dinheiro. Acho que estou ficando velho...

Sergio: Quão velho? tipo tiozinho? ou tipo vovô?
Sergio: no momento estou mais para tiozinho. Tenho 38 anos.

Sergio: E como você administra a família? sua mulher também corre?
Sergio: já correu, mas parou quando tivemos nosso segundo filho. Tento incentivá-la a voltar, está difícil... mas acho que ela vai voltar. Ela inclusive fez uma prova de 6k que mostrou que ela leva mais jeito que eu, o que realmente não é nada demais, dado minha inaptidão. Quanto aos treinos, procuro sempre fazer pela manhã cedo, assim não prejudica muito a rotina da família.

Sergio: Mas você já tentou futebol, tênis e agora a corrida. Nunca teve resultados expressivos. Apesar de tanto treino e tal ainda corre na faixa acima de 5'/km. Afinal, por que você não desiste?
Sergio: O legal da corrida é justamente isso. Mesmo um pangaré como eu se diverte tanto quanto alguém muito rápido. O que importa na verdade é a sua evolução, comparando seus próprios tempos. Não os tempos dos outros. Outra coisa boa para a auto-estima é que, não importa quão devagar você vá, você nunca será o último!

Sergio: E as contusões? Você já teve muitas... como lida com elas?
Sergio: com o tempo aprendi a respeitar mais meu corpo, o que não significa que seja totalmente imune ao exagero nos treinos ou às contusões. Mas hoje tem sido mais raro. Creio que já faça uns 9 meses que não tenha nenhuma contusão que tenha me tirado mais que um dia ou dois de treino. Acredito, também, que o treino de spinning e musculação ajudem muito.

Sergio: em resumo, você faz um esporte repetitivo, solitário, tem que ficar se preocupando o tempo todo em não ter contusões, você é uma espécie de masoquista ou algo do gênero?
Sergio: olha, em primeiro lugar você devia maneirar para falar comigo, afinal eu sou o entrevistado do dia. Mas, respondendo a sua pergunta, encontro sim prazer na dor. Gosto da dorzinha que fica na panturrilha depois de um treino pesado, de subir uma ladeira com o coração saindo da boca. Mas acho que meu principal prazer está no vem depois, da endorfina que faz com que me sinta muito bem pelo resto do dia...

Sergio: peço desculpa pela pergunta anterior, realmente o tom foi um pouco inapropriado...
Sergio: eu também me exaltei, não precisa se desculpar...

Sergio: mas é que é difícil de entender para alguém de fora. Como você encontra forças para acordar às 6:00h da manhã todo dia para correr?
Sergio: ainda estou procurando essa resposta, mas o fato é que não é nenhum sacrifício. Claro que há dias em que fico com vontade de desligar o despertador e dormir um pouco mais. Aí salto da cama e em 30 segundos esses pensamentos já foram embora. Creio que haja algo de místico aí. Foge da minha compreensão o significado da corrida em minha vida.

Sergio: fiquei com os olhos marejados agora, mas confesso que acordar às 6:00h da manhã para treinar não é para mim...
Sergio: mas você sou eu!

Sérgio: assim fica muito confuso para quem está lendo. É que mergulhei fundo no personagem. Peço aos leitores que ignorem seu comentário anterior. Continuando... outra coisa que tenho dificuldade de entender é esse negócio de competição. Você paga uma grana, ganha uma camisa que fica mofando na gaveta, corre a mesma distância que você está acostumado nos treinos, fica se acotovelando na largada e no final não tem a mínima chance de ficar em qualquer colocação digna de contar para seus filhos ou netos. Qual a graça disso?
Sérgio: é uma coisa maluca mesmo. Acho que tem a ver com energia. A força de todas aquelas pessoas correndo traz uma coisa boa que flui no ar. Isso nos contagia e acabamos dando nosso melhor. Está aí mais uma coisa difícil de explicar.

Sérgio: assim está ficando muito difícil essa entrevista. A motivação para os treinos é difícil de explicar. A participação em provas também. Afinal tem alguma coisa de racional nessa história toda?
Sérgio: acho que o racional termina nos treinos contínuos de 6k três vezes por semana. Aí a justificativa é melhorar a saúde. Correr mais do que isso é uma loucura difícil de explicar e entender. Tem que sentir. Acho que com o tempo também tenho descoberto que o legal da vida não são as respostas, mas sim a procura, não o ponto de chegada, mas o caminho para chegar a ele.

Sergio: com essas citações você está plagiando um monte de gente. Não foram o Arnaldo Jabour e o Lance Armstrong que disseram essas frases?
Sergio: olha, pode ser. Não sei. Não estava tentando ser original. Até mesmo uma auto entrevista parecida com essa acho que já vi em algum lugar na blogosfera.

Sergio: recentemente você escreveu um post sobre um treino especial que fez na Quinta da Boa Vista? você tinha tomado alguma substância ilícita antes de escrever aquilo?
Sergio: claro que não. A endorfina é que provoca essa sensação de euforia que ficamos após o treino. Embora eu tenha escrito no dia seguinte, ainda me lembrava da sensação maravilhosa que aquele treino tinha me causado. Mas é algo que está dentro da gente. Embora o cenário ajude, é possível ter esse sentimento correndo em qualquer lugar. Basta deixar a mente e a alma abertos à experiência. A beleza da experiência está dentro da gente.

Sergio: e os amigos? Sendo a corrida um esporte individual, não isola os praticantes?
Sergio: pelo contrário. Tenho sentido cada vez mais que meus laços de amizade se estreitaram com aqueles malucos que treinam comigo. Além disso, tenho inúmeras amizades virtuais que tenho certeza que se transformarão em reais brevemente. É gente muito especial. Em geral os corredores tem um coração enorme.

Sergio: falando tanto em coração e sentimentos, o que você diz do boato que poderá se filiar ao grupo Baleias em algum momento?
Sergio: parece ser um caminho natural. Mas não pode ser uma coisa assim, do dia para a noite. Tem que ser algo especial, no momento certo. Mas respondendo objetivamente, diria que sim, esse dia provavelmente chegará na hora certa.


Sergio: obrigado pela entrevista.
Sergio: não há de quê. Você foi muito bem como entrevistador.